A saúde mental dos colaboradores das organizações é um tema cada vez mais obrigatório abordar, não só para o bem-estar individual e coletivo, mas também para a produtividade, competitividade das empresas e o compromisso para o desenvolvimento sustentável.
As doenças mentais, como a depressão, a ansiedade, o burnout e o stress, afetam negativamente o desempenho, a motivação, a criatividade e a satisfação dos colaboradores das empresas, podendo levar a situações de absentismo, presentismo, rotatividade e conflitos laborais.
O absentismo refere-se à ausência física do trabalhador por motivo de doença ou incapacidade, enquanto o presentismo refere-se à presença improdutiva do trabalhador, que permanece no local de trabalho sem apresentar um nível de produtividade adequado, por estar doente ou desmotivado. Ambos os fenômenos têm custos elevados para as empresas e para a economia, além de comprometerem a qualidade de vida dos trabalhadores.
Segundo um estudo da Ordem dos Psicólogos Portugueses de 2023, com dados de 2022, estima-se que um trabalhador possa faltar até 8 dias por ano devido a problemas de saúde mental. É de referir que o mesmo indicador em 2020 era de 6,4 dias, ou seja, em 2 anos cresceu 25%. O presentismo pode quase duplicar o número de dias perdidos por ano, 15 em 2022 e eram 12,6 em 2020. O mesmo estudo refere que cerca de 33% dos trabalhadores portugueses foram afetados por problemas de saúde mental comuns (stress, depressão ou ansiedade), valor consideravelmente superior à média europeia de 27% (Eurobarómetro, 2022).
Os impactos económicos são enormes, as empresas perdem anualmente, em Portugal, cerca de 5,3 mil milhões de euros devido ao absentismo e ao presentismo causados por stress e problemas de saúde mental.
Neste sentido, é fundamental as empresas mitigarem estes riscos com investimento em medidas de promoção da saúde mental e do bem-estar dos seus colaboradores, tais como:
- Implementar políticas e programas de promoção da saúde mental, prevenção de problemas de saúde mental e apoio aos colaboradores que sofrem de alterações psicológicas, em coordenação com os serviços de saúde locais e as organizações da sociedade civil.
- Oferecer formação e capacitação aos gestores e aos colaboradores sobre a importância da saúde mental, os fatores de risco e de proteção, os sinais de alerta, as formas de ajuda e os recursos disponíveis.
- Criar uma cultura organizacional que valorize a diversidade, a inclusão, a participação, a comunicação, a cooperação, o reconhecimento, o feedback, a autonomia, o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e a responsabilidade social.
- Garantir que as condições de trabalho sejam adequadas, seguras, justas e flexíveis, respeitando os direitos e as necessidades dos colaboradores, e que os conflitos e as queixas sejam resolvidos de forma eficaz.
- Estimular a participação dos colaboradores nas decisões que afetam o seu trabalho, a sua saúde e o seu bem-estar e incentivar a sua criatividade, a sua inovação e o desenvolvimento das suas competências.
- Reconhecer e recompensar o desempenho e o esforço dos colaboradores e proporcionar-lhes oportunidades de crescimento, desenvolvimento e de progressão na carreira.
- Fomentar a solidariedade, a colaboração, o apoio mútuo e o cuidado entre os colegas de trabalho, promover atividades de integração, de lazer e de voluntariado.
- Acompanhar e avaliar regularmente o impacto das ações de saúde mental no trabalho e utilizar os resultados para melhorar as práticas e os processos.