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O significado do Choro

Mimo, desconforto, fome, medo… afinal, o seu filho está a iniciar a adaptação da vida extra-uterina, além de que esta é a única forma de se expressar. Por isso, mantenha a calma e tranquilize o bebé.

Quando se envereda pelo caminho da maternidade e da paternidade, são naturais o stress e o sentimento de angústia perante o choro do bebé. Até porque este é o único meio pelo qual o recém-nascido transmite o que sente e as necessidades que tem, daí a importância de manter a calma e deixar transparecer tranquilidade e segurança ao seu filho, desde o primeiro dia.

O choro é a primeira reação do bebé assim que nasce. Com efeito, a sensibilidade de um recém-nascido ao mundo exterior é traduzida pelo choro, porque sente frio ou calor ou a luminosidade está demasiado forte, ou há muitos ruídos estranhos… 

Maria de Lurdes Candeias, pedopsiquiatra, reforça: “Várias circunstâncias relacionadas com o parto podem determinar que o bebé chore nos primeiros dias de vida. Em parte, trata-se de uma fase de adaptação à vida extra-uterina e demonstra sensibilidade do bebé a diversos fatores ambientais (calor ou frio, demasiada luminosidade, ruído ambiental, etc.) e a fatores relacionais, por necessidade do bebé em estar próximo da mãe.” O facto do seu filho estar a chorar nem sempre significa que tem fome ou tem cólicas; pode simplesmente traduzir-se na vontade de receber um mimo. Por isso, mostre-lhe o seu afeto, todos os dias, dando-lhe colo e acariciando-o, gestos que tornam o seu bebé mais confiante, sobretudo ao fim do dia, quando o choro se torna mais forte. Além disso, a especialista aconselha o pedido de ajuda ao pessoal de enfermagem da maternidade ou do centro de saúde da sua área de residência, porque ao “acharem que há indicação para outro tipo de cuidados, irão indicar onde encontrar”, até porque “não há que ter receio em expressar as dificuldades com alguém que possa ouvir e ajudar”, afirma.

À medida que os meses vão passando, o seu filho aprende que o choro é eficaz para chamar a sua atenção. Nesta fase, não vá ver o que se passa nem pegue-o ao colo assim que o ouvir chorar, para que, com o tempo, aprenda a autoconsolar-se com a chupeta ou um objeto que lhe transmita conforto.

Como identificá-lo:

No início, o choro é igual em qualquer circunstância. Contudo, com o tempo, vai percebendo as necessidades do seu bebé através do choro, por meio das suas expressões faciais. Maria de Lurdes Candeias fala ainda de intuição, através da qual os pais “percebem o significado do choro do bebé”. Vejamos:

1. Fome

Se está com a boca entreaberta e a cabeça a movimentar-se de um lado para o outro, como se estivesse à procura da mama ou do biberão, então significa que o seu filho está com fome. Mesmo que ainda não esteja na hora da refeição, dê-lhe leite, porque se não for esse o caso, o bebé rejeita a oferta. A nossa entrevistada aborda o assunto sob o ponto de vista pediátrico e pedopsiquiátrico. Em relação ao primeiro, “será sempre necessário excluir outras situações relacionadas com o aparelho digestivo, tais como ter gases ou dificuldades respiratórias”; no segundo caso, há que ter em conta “os aspetos ambientais e relacionais referidos atrás, acrescidos de outros, tais como a tonalidade da voz da mãe (ou do pai) que pode ser tranquilizante para o bebé, bem como o olhar e o embalar”, sublinha a especialista.

2. Mimo

Quando o seu filho choraminga, mas acalma assim que o acaricia e fala calmamente com ele, então é porque estava a precisar de atenção. Procure relaxá-lo, mostrando-lhe um boneco com um “ar simpático” e uma música suave.

3. Desconforto

É natural que, ao fim do dia, o seu filho se sinta cansado e, como tal, apresente um choro ligeiro, pelo que tem apenas de acalmá-lo. Porém, se não acalma com os seus miminhos, verifique se a fralda está suja, se quer arrotar ou está algum ruído a incomodá-lo, por exemplo.

4. Dores

O rosto do bebé fica vermelho e o semblante fica marcado, enquanto flete braços e pernas de forma violenta, e o choro é agudo e alto, sendo cortado pequenos períodos de falta de respiração. Face a este cenário, há a probabilidade de se tratar de cólicas, um distúrbio que surge nos primeiros meses e é muito comum nos bebés. Em todo o caso, certifique-se que o seu filho não tem febre ou não lhe dói em alguma zona específica do corpo. Tente acalmá-lo como puder, mas se não o conseguir, ligue para o pediatra.

5. Bebés irritáveis

Há, contudo, bebés que são mais difíceis, pois manifestam maior irritação e angústia do que é normal. “Nestes casos, e se todas as medidas tomadas se mostrarem insuficientes, será necessário recorrer ao apoio de um especialista – pediatra, pedopsiquiatra ou psicólogo – que avalie o caso e dê as sugestões terapêuticas”, sugere Maria de Lurdes Candeias. 

Para o efeito, dirija-se à Consulta de Bebés Irritáveis, com o objectivo de saber as razões pelas quais o seu filho chora sem parar. Um quadro clínico pode revelar o facto de o pequeno ter dificuldade em adaptar-se ao ritmo do dia-a-dia fora do útero materno, deixando, no início, os pais muito angustiados. Porém, com a ajuda de especialistas, este cenário irá desvanecer com o tempo.

Conselhos básicos:

Mesmo que se sinta nervosa perante o choro persistente do seu filho, o importante é manifestar todo seu carinho e acalmá-lo:

  • Dê-lhe miminhos e acaricie-o;
  • Agarre-o ao colo e chame-lhe a atenção para a árvore que se encontra à frente da janela do quarto;
  • Cante-lhe uma canção suave enquanto o embala;
  • Profira palavras bonitas ou conte-lhe uma história num tom de voz calma;
  • Faça-lhe massagens nas costas, depois de deitá-lo de bruços, enquanto lhe canta uma melodia;
  • Enrole-o numa matilha quente, para que se sinta ainda mais protegido;
  • Mantenha o secador ligado por algum tempo ou coloque um CD de música suave a tocar.

Com a colaboração de Maria de Lurdes Candeias | Pedopsiquiatra e Chefe de equipa da Clínica da Juventude do Centro Hospitalar de Lisboa Central, E.P.E. / Hospital de Dona Estefânia

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